sábado, 21 de junho de 2008

Caetano Veloso o herói do tropicalismo



Compositor e cantor, polêmico desde sempre, Caetano Veloso é um baiano multifacetado que entrou para a história cultural do país. Em meados da ditadura militar, quando a liberdade de expressão foi proibida, artistas tentavam de todas as maneiras combater a repressão e a censura. Nesse ambiente de tensão, inconformado, Caetano começa a repensar a música popular brasileira.

"Sem lenço e sem documento", juntamente com Gilberto Gil, foi o percussor do movimento cultural Tropicalismo. Revolucionando o cenário da música brasileira, incorporou elementos da cultura jovem musical, misturando o rock, a guitarra elétrica, o samba, a bossa nova, o bolero e o baião. Em 1967, no III Festival de MPB da TV Record, Caetano, acompanhado do grupo argentino de rock Beat Boys, apresentou a canção "Alegria, alegria", lançando o movimento no Brasil. Apesar de não alcançar a primeira colocação no Festival, "Alegria, alegria", com o 4º lugar foi um sucesso nas rádios do país, levando o compacto de Caetano a ultrapassar a cem mil cópias.

Em 1968, foi lançado pela editora Phillips o primeiro álbum solo de Caetano, o disco intitulado "Caetano Veloso" também conhecido como Tropicália, por ser o registro inicial tropicalista o disco foi gravado em 1967, teve arranjos de Júlio Medaglia, Damiano Cozzella e Sandino Hohagen. Canções como "Tropicália", "Superbacana", "Anunciação", "Ave Maria" e "Soy loco por ti América", além de "Alegria, alegria", foram alguns dos sucessos do disco.

No auge do movimento Tropicalista, Caetano, Gil e os Mutantes eram fichinhas carimbadas dos programas de TV, especialmente os comandados pelo apresentador Abelardo Barbosa, conhecido como Chacrinha. Em maio de 1968, eles gravaram em São Paulo o álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”, um disco coletivo com pitada de protesto. Com canções inéditas de sua autoria, Caetano coordenou o projeto e selecionou o repertório. Os artistas Torquato Neto Capinam, Tom Zé, Gal Costa, Nara Leão e o maestro Rogério Duprat também participaram do álbum.

Autêntico, o músico enfrentou a linha dura universitária. Em setembro de 1968, no III Festival Internacional da Canção, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, ao apresentar com os Mutantes "É proibido, proibir", ele foi vaiado e insultado com ovos, tomates e pedaços de madeiras pela platéia. Caetano reagiu com um discurso emocionante no qual mostrou a sua indignação com a juventude, “Vocês estão por fora! Vocês não dão pra entender. Mas que juventude é essa? Que juventude é essa? Vocês jamais conterão ninguém. Vocês são iguais sabem a quem? São iguais sabem a quem? Tem som no microfone? Vocês são iguais sabem a quem? Àqueles que foram na Roda Viva e espancaram os atores!”, ao final acabou pedindo a sua desclassificação.

No final do ano de 1968, o presidente Costa e Silva decretou o Ato Institucional nº 5, oficializando a repressão a ativistas e intelectuais. Como conseqüências do Ato, Caetano e Gil foram presos e ficaram detidos até fevereiro de 1969. Em julho, partiram para um exílio em Londres, precipitando a morte do movimento Tropicalista. Mesmo com o fim do movimento, Caetano continua causando tumulto até os dias de hoje pela sua irreverência.